É com satisfação que apresentamos ao corpo docente, ao corpo discente e aos nossos colaboradores, o primeiro número da revista eletrônica do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu – UNIATENEU, DERIVAS URBANAS.

A teoria da Deriva Urbana foi criada em 1958, e é de autoria do pensador “Situacionista” Guy Debord, sendo publicado seus conceitos em esboço na Revista Internacional Situacionista. A deriva é um procedimento psicogeográfico: estudar os efeitos do ambiente urbano no estado psíquico e emocional das pessoas que a praticam.  Partindo de um determinado lugar, a pessoa ou grupo que se lança à deriva seguirá uma rota indefinida, deixando que o próprio meio urbano “os leve” ao acaso, pelo caminho que segue.

Podemos afirmar que, outra forma de conceituar deriva urbana seria “perder-se na cidade”, e assim observar e apreender novas percepções e novas definições sócio-espaciais através de novos olhares sobre o espaço. É sair de seu processo natural e ritualista de apropriação e territorialização do espaço urbano e se inserir em um novo contexto, onde o “velho se torna novo”. Novos odores, novos aspectos cromáticos, novas definições físico-espaciais, novas dinâmicas sócio-espaciais, novos roteiros, novos trajetos, novos rumos

nunca dantes observados nem traçados, se descortinam ante um observador que, se permitiu mudar o olhar sobre o construto social habitual que é seu cotidiano. Estas ideias, formuladas pela Internacional Situacionista entre as décadas de 1950 e 1970, consideram que o meio urbano em que vivemos é motivador da deriva, tornando a cidade um espaço de pluralidades, onde o meio urbano em que vivemos é um potencializador da situação de

exploração vivida. Sendo assim torna-se necessário inverter esta perspectiva, tornando a cidade um espaço para a libertação do ser humano.

“...A fórmula para o derrube do mundo não a fomos procurar nos livros, demos com ela vagueando. Era uma deriva de longos, longos dias, em que nada se parecia com aquilo que a véspera mostrara; e que nunca cessava...” (“Deriva – uma caligrafia pedestre” de Guy Debord)

A escolha do nome DERIVAS URBANAS para nossa revista, foi uma justa homenagem a essa teoria e técnica de análise espacial-urbana, tão essencial a pesquisa e ao planejamento urbano, enquanto instrumento de coleta de dados, que  é  utilizada  principalmente  por arquitetos e urbanistas, geógrafos urbanos, sociólogos, antropólogos e filósofos.

Este número inicial se dedicará aos artigos científicos com temáticas relacionadas aos processos de territorialização nas cidades brasileiras, mais especificamente a cidade de Fortaleza, e aos Anais da I SEARA - I Semana de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ateneu – UNIATENEU (vide SUMÁRIO).  Presentes estarão também alguns artigos de opinião que foram publicados no Blog “Universo Ateneu,”, no primeiro semestre de 2021.

Isto posto, encerramos agradecendo a todos, que ajudaram a concretizar mais essa conquista para a profissão do Arquiteto e Urbanista, que há muito merece estar ocupando uma posição de direito e de destaque, entre outras profissões, por sua relevância social, por seu arcabouço técnico e por seu processo de criação artística. Boa leitura!

Frederico Augusto N. M. Costa
Editor Chefe